Global Innovation Index 2012 (GII 2012)

21-08-2012 21:02

Recentemente foi lançado o GII2012, publicação anual da responsabilidade do INSEAD e do WIPO (World Intellectual Property Organization), que desde 2007 elaboram um ranking de inovação, e que atualmente engloba 141 países. O ranking é elaborado a partir de dois grupos de indicadores: de input (Instituições, Capital Humano e Investigação, Infraestruturas, Sofisticação do Mercado e dos Negócios) – e de output (resultados do Conhecimento, Tecnologia e Criatividade). No total, são 84 os indicadores que constituem estes dois grupos referidos.

Na edição 2012, Portugal encontra-se em 35º lugar entre 141 países, enquadrando-se no 1º quartil dos países com melhor desempenho em termos de inovação. Estes bons resultados confirmam o que sabemos de outros rankings (nomeadamente do Union Innovation Scoreboard), de que Portugal se encontra relativamente bem posicionado em termos de inovação, com um grande progresso verificado nos últimos anos. Contudo, importa analisar em detalhe como é que Portugal se posiciona em relação a cada uma das componentes analisadas.

Assim, ao nível dos indicadores de input:

  • Saliente-se os bons resultados ano nível do ambiente para os negócios (30º lugar), do sistema de educação (12º), do ensino superior (26º), da investigação e desenvolvimento (19º), da utilização das TIC (22º), da sustentabilidade ambiental (30º), da I&D empresarial (25º) e da colaboração Universidade-Empresa (26º);
  • Os piores desempenhos encontram-se no ambiente regulatório (84º lugar), no acesso ao crédito (104º), na capitalização do mercado bolsista (58º), na concorrência (73º), na formação dada pelas empresas (60º), no emprego intensivo em conhecimento (51º), na I&D financiada pelo estrangeiro (70º) e na absorção do conhecimento (67º).

 

No que respeita aos indicadores de output:

  • Os bons desempenhos relativos encontram-se ao nível dos artigos científicos publicados (16º lugar), da criação de novos negócios (28º), das marcas registadas (8º), dos novos modelos organizacionais suportados em TIC (12º), da exportação de serviços criativos (25º) e de bens criativos (30º) e da criatividade online (32º);
  • Portugal encontra-se mal posicionado no registo de patentes (49º lugar), nas receitas de royalties e licenças (62º) ou nas exportações intensivas em tecnologia (52º).

 

Se bem que estes dados sejam apenas uma “fotografia”, não refletindo a evolução (positiva ou negativa) de cada um dos indicadores ao longo do tempo, permitem constatar quais os pontos fortes e fracos do sistema de inovação em Portugal.

Sabe-se que os indicadores de input são mais fáceis de influenciar através de medidas de política de curto/médio-prazo, quer no sentido positivo quer negativo. Por seu lado, as alterações nos indicadores de output são de mais longo-prazo, geralmente influenciados pela evolução dos indicadores de input ao longo do tempo. Muitas vezes o impacto no mercado (criação de emprego, exportações de média-alta tecnologia, registo de propriedade intelectual, etc.) só é possível com a existência de uma base sólida e qualificada de atores do sistema de inovação (empresas, ensino e investigação, instituições de inteface, sistema financeiro, etc.), cujas rotinas e dinâmicas poderão demorar vários anos (décadas) a construir. 

Um bom exemplo são os países nórdicos, que conseguem bons desempenhos em termos de inovação dado o investimento continuado durante décadas em I&D (despesa pública e privada, inlcuindo parcerias), a articulação entre o sistema científico e as empresas ou a qualificação dos seus recursos humanos (com um sistema de educação inclusivo, com taxas de retenção quase nulas).

Neste sentido, e dada a situação financeira de Portugal (e da Europa), “fazer melhor” com menos recursos e inovar na “Política de Inovação” são os desafios que se avizinham para a próxima década em termos de políticas públicas.